2007-11-18

Não pedi

(Dezembro de 1993)

Bem eu quero que isto fique

Para sempre bem claro:

- Eu nunca pedi para nascer!,

Assim eu não vou pedir para morrer.

Não fui consultado numa altura e nasci.

Não e pedindo agora que serei atendido!

Todos dizem que não pediram para nascer,

Mas lutam para não morrer.

A morte que venha, não importa.

Nem a mim, nem a ninguém.

Eu sei que não vou morrer, não que seja eterno,

Mas não morrerei, deixarei de existir.

Para sempre serei ser.

Deixarei marca no mundo,

A marca indelével de quem quis viver,

A vontade expressa de quem quer morrer.

Para mim tanto faz,

Penso para sempre, logo existirei.

Tudo nunca passou de um sonho

Que alguém sonhou, e que tarda a acordar.

Adiados

Sempre que eu vou

Tu é que ficas a perder.

Eu que sofro por ti,

Acabo sempre por ganhar.


É apenas uma ilusão.

Por todo o amor que passas,

Eu acabo por perder

Sempre que partes.


Não sei porque é que és assim.

Não sei que te conheço.

Procuro no álbum,

Mas a tua foto não está registada.


Sempre que acho que sim,

Tu vens logo não.

Ficamos pelo talvez,

Ficamos sempre adiados.

(Novembro de 1993)

Naufrágio


Navego nos mares do nosso amor,

No oceano dos meus sentimentos.

Os meus loucos amores por ti,

Que se afogam por entre as vagas sussurrantes.

Navego no paraíso dos sonhos perdidos.

Sonhos de amor,

Que cansam a insónia

Em noites de ardente calor.

Nado nos destroços

Do que antes fora uma grande paixão.

Que hoje apenas é

Um eterno amor, esquecido no tempo.

Afogo-me nos lençóis

Que presenciaram a nossa loucura,

Sempre à procura

De um corpo que já não existe.

Novembro de 1993