2009-07-22

Discurso do Ministro Brasileiro da Educação nos EUA...


Este discurso merece ser lido, afinal não é todos os dias que um brasileiro dá um 'baile' educadíssimo aos Americanos...


Durante um debate numa universidade dos Estados Unidos o actual Ministro da Educação CRISTOVAM BUARQUE foi questionado sobre o que pensava da internacionalização da Amazónia (ideia que surge com alguma insistência nalguns sectores da sociedade americana e que muito incomoda os brasileiros).

Um jovem americano fez a pergunta dizendo que esperava a resposta de um Humanista e não de um Brasileiro. Esta foi a resposta de Cristovam Buarque:

"De fato, como brasileiro eu simplesmente falaria contra a internacionalização da Amazónia. Por mais que nossos governos não tenham o devido cuidado com esse património, ele é nosso.

Como humanista, sentindo o risco da degradação ambiental que sofre a Amazónia, posso imaginar a sua internacionalização, como também a de tudo o mais que tem importância para a humanidade.

Se a Amazónia, sob uma ética humanista, deve ser internacionalizada, internacionalizemos também as reservas de petróleo do mundo inteiro…

O petróleo é tão importante para o bem-estar da humanidade quanto a Amazónia para o nosso futuro. Apesar disso, os donos das reservas sentem-se no direito de aumentar ou diminuir a extracção de petróleo e subir ou não seu preço.

Da mesma forma, o capital financeiro dos países ricos deveria ser internacionalizado. Se a Amazónia é uma reserva para todos os seres humanos, ela não pode ser queimada pela vontade de um dono ou de um país.

Queimar a Amazónia é tão grave quanto o desemprego provocado pelas decisões arbitrárias dos especuladores globais. Não podemos deixar que as reservas financeiras sirvam para queimar países inteiros na volúpia da especulação.

Antes mesmo da Amazónia, eu gostaria de ver a internacionalização de todos os grandes museus do mundo. O Louvre não deve pertencer apenas à França.

Cada museu do mundo é guardião das mais belas peças produzidas pelo génio humano. Não se pode deixar esse património cultural, como o património natural Amazónico, seja manipulado e destruído pelo gosto de um proprietário ou de um país.

Não faz muito tempo, um milionário japonês, decidiu enterrar com ele, um quadro de um grande mestre. Antes disso, aquele quadro deveria ter sido internacionalizado. Durante este encontro, as Nações Unidas estão realizando o Fórum do Milénio, mas alguns presidentes de países tiveram dificuldades em comparecer por constrangimentos na fronteira dos EUA.

Por isso, eu acho que Nova York, como sede das Nações Unidas, deve ser internacionalizada. Pelo menos Manhattan deveria pertencer a toda a humanidade. Assim como Paris, Veneza, Roma, Londres, Rio de Janeiro, Brasília, Recife, cada cidade, com sua beleza específica, sua história do mundo, deveria pertencer ao mundo inteiro.

Se os EUA querem internacionalizar a Amazónia, pelo risco de deixá-la nas mãos de brasileiros, internacionalizemos também todos os arsenais nucleares dos EUA. Até porque eles já demonstraram que são capazes de usar essas armas, provocando uma destruição milhares de vezes maior do que as lamentáveis queimadas feitas nas florestas do Brasil.

Nos seus debates, os actuais candidatos à presidência dos EUA têm defendido a ideia de internacionalizar as reservas florestais do mundo em troca da dívida.

Comecemos usando essa dívida para garantir que cada criança do Mundo tenha possibilidade de COMER e de ir à escola.

Internacionalizemos as crianças tratando-as, todas elas, não importando o país onde nasceram, como património que merece cuidados do mundo inteiro. Ainda mais do que merece a Amazónia. Quando os dirigentes tratarem as crianças pobres do mundo como um património da Humanidade, eles não deixarão que elas trabalhem quando deveriam estudar, que morram quando deveriam viver.

Como humanista, aceito defender a internacionalização do mundo.

Mas, enquanto o mundo me tratar como brasileiro, lutarei para que a Amazónia seja nossa. Só nossa!"

2009-06-21

Unchained Melody…

Hoje volto a falar de uma música que me diz muito.

Escrita há já muitos anos (em 1965), conta com infindáveis versões (noutros tantos estilos), uns melhores que outros. Unchained Melody dos Righteous Brothers é daquelas músicas que nunca irá perder o seu momento, que será sempre ouvida e respeitada pelos tempos fora. Poucas são as músicas que conseguem criar uma emoção tão forte e tão contida, tão arrebatadora que depois explode em choro e lamento tão libertador de emoções, se me permitem: nenhuma outra música consegue ser isso tudo!

Como poder facilmente concluir, esta música é tão pouco e tão só a minha música preferida de todos os tempos. Por isso costumo ser muito crítico em relação às mil e uma versões que se gravam da música, e às milhentas vozes que se atrevem a cantá-la. Poucas se equiparam e conseguem transformar aqueles 3 minutos em momentos únicos e plenos como os que Bill Medley e Bobby Hatfield proporcionaram à Humanidade.

Mas tenho que tirar o chapéu e dar os parabéns a um jovem que tem se esforçado por tornar a sua versão cada vez melhor, que aplica a sua alma quando canta esta música. E quando há alma naquilo que se faz só pode sair um tesouro. Infelizmente este tesouro foi afastado dos palcos de um simpático concurso musical que tem acontecido nesta cidade, o Funchal a Cantar 2009.

No mínimo é de lamentar que o grupo que faz a selecção das vozes, se enganasse ao ponto de não considerar que ele tivesse o talento necessário a representar a sua freguesia, a sua voz o seu talento e… a sua brilhante versão do Unchained Melody. Em seu lugar vão pessoas que nem são da cidade do Funchal (tal como o regulamento assim o estipula) e com vozes duvidosas…

Não estou a dizer mal de ninguém, alias esta iniciativa é brilhante! E o trabalho de avaliar é sempre ingrato e incómodo, mas seguir as regrar já ajuda e simplifica o trabalho…

Este Funchal a Cantar, tal como o vencedor da eliminatória do Imaculado Coração de Maria já comentou, mais parece Câmara de Lobos a Cantar. Em seis eliminatórias, 3 vencedores são daquele concelho… Dá que pensar. Isto não é xenofobia ou algo que se pareça, mas nos concursos que se realizam nos outros concelhos da Região, os funchalenses não podem entrar.

Mas para poder provar que tenho razão acerca da injustiça, quero-vos deixar com a versão de Paulo Silva do Unchained Melody.

Paulo, um grande abraço e muito obrigado por esta versão! Lembra-te a vida é feita de pequenas grandes injustiças, mas o tamanho da nossa cruz tem razão de ser, e um dia olhas para trás e vais ter orgulho do caminho que trilhaste!


http://www.youtube.com/watch?v=qBi2AILnd_g

http://www.youtube.com/watch?v=GhvXt3Uz8uw

2009-06-11

Para reflectir…!

 O autor deste texto é João Pereira Coutinho, jornalista.

Não tenho filhos e tremo só de pensar. Os exemplos que vejo em volta não aconselham temeridades. Hordas de amigos constituem as respectivas proles e, apesar da benesse, não levam vidas descansadas. Pelo contrário: estão invariavelmente mergulhados numa angústia e numa ansiedade de contornos particularmente patológicos. Percebo porquê. Há cem ou duzentos anos, a vida dependia do berço, da posição social e da fortuna familiar. Hoje, não. A criança nasce, não numa família mas numa pista de atletismo, com as barreiras da praxe: jardim-escola aos três, natação aos quatro, lições de piano aos cinco, escola aos seis, e um exército de professores, explicadores, educadores e psicólogos, como se a criança fosse um potro de competição.

Eis a ideologia criminosa que se instalou definitivamente nas sociedades modernas: a vida não é para ser vivida, mas construída com sucessos pessoais e profissionais, uns atrás dos outros, em progressão geométrica para o infinito. É preciso o emprego de sonho, a casa de sonho, o maridinho de sonho, os amigos de sonho, as férias de sonho, os restaurantes de sonho.

Não admira que, até 2020, um terço da população mundial esteja a mamar forte no Prozac. É a velha história da cenoura e do burro: quanto mais temos, mais queremos. Quanto mais queremos, mais desesperamos. A meritocracia gera uma insatisfação insaciável que acabará por arrasar o mais leve traço de humanidade. O que não deixa de ser uma lástima.

Se as pessoas voltassem a ler os clássicos, sobretudo Montaigne, saberiam que o fim último da vida não é a excelência, mas sim a felicidade!





2009-01-24

De volta!

Olá, já lá vai muito tempo que nada de novo acontece neste espaço.
Não é que me tivesse acontecido alguma coisa, mas simplesmente não houve disponibilidade para andar por aqui (desculpa oca...).
De ora em diante tentarei ser mais assíduo e tirar do baú mais alguns escritos.
Confesso que a preguiça de vir ao blogue também contagiou a de escrever, embora existam tantas ideias na cabeça a fervilhar... a ver...
Fiquem bem e vão deitando o olho em busca do que de novo possa acontecer por aqui!