2011-12-19

O céu ganhou três estrelas, e o inferno um corninho!

A Terra perdeu três estrelas para o céu. A perda de Cesária Évora, de Sérgio Borges e de Vaclav Havel é irreparável, mas as respectivas obras ficam.

O inferno também ficou a ganhar... Kim Jong-il já deve ter lá chegado... foi tarde.

Espero que os coreanos abram os olhos e não se deixem levar em cantigas, falsas promessas e pretensos inimigos externos! Como na Madeira ;)

2011-12-16

Austeridade madeirense

Na última campanha eleitoral, todos os madeirenses foram bombardeados por um discurso insistente, por parte do político com máxima responsabilidade de tudo o que é bom e de tudo o que é mau na ilha, que não existiriam medidas de austeridade "extra" para a região. Jamais haveria castigo para o povo que beneficiou de uma obra ímpar no mundo. E esse castigo nunca seria devido, pois nada de mal havia sido feito. Nem obra, nem procedimento.

Assim sendo, como é possível que ao momento não tenha havido a dignidade e frontalidade, de vir a público (na televisão, por exemplo) explicar aos madeirenses (olhos nos olhos) o pacote de medidas de austeridade que será proposto (ou já terá sido há muito apresentado) ao ministro Gaspar?

É uma questão de respeito para quem caiu (uma vez mais) na casca de banana, e lhe endossou o seu voto. É uma questão de democracia para com os restantes 75% dos madeirenses que não lhe deram o voto. Sim, 75% dos madeirenses recenseados não deram o seu voto ao presidente eleito. Uns porque votaram nos outros partidos (ou em branco) e outros porque pura e simplesmente não foram às mesas de voto (não fora o método d’Hondt tenho dúvidas que haveria maioria absoluta do PPD).

Não vou discutir sobre a necessidade de ter de equilibrar as contas públicas (locais, regionais e nacionais). É um imperativo!

Mas impor o aumento das taxas do IVA, IRC e IRS, cortar com o subsídio de insularidade, e por ouro lado ver o partido da maioria indisponível para reduzir as verbas do "jackpot" é simplesmente ordinário. 
A ALR, e os partidos que a compõem, não está disponível para se solidarizar e acompanhar os madeirenses nos sacrifícios que lhes é imposto.

Uma vez mais, à semelhança do todo nacional, em vez de cortar a gordura da máquina pública rapam no osso das pessoas e das empresas. As escolas agoniam com falta de papel, quem vai para o hospital tem que levar os medicamentos, os fornecedores não são pagos. Mas vemos obras desnecessárias a seguir de vento em popa, vemos uma frota de "carros do governo" a se passearem todos os dias, em muitas situações para serviços privados... Bem o que não faltam são exemplos, infelizmente!

Se todos nós temos que ir para o emprego (os que ainda o têm) de transporte próprio ou público, porque é que quem se dedica à causa pública tem que ter carro, com parque e gasolina pagos por nós? 

O imposto sobre o tabaco já aumentou? Porque é que o tabaco é mais barato cá?

Quando é que por cá as pessoas se irão indignar? Quando é que vão acordar para a realidade? Quando é que terão coragem para apontar o dedo aos culpados por isto tudo? 

Quando é que os culpados terão a humildade de admitir os seus erros? Ou continuarão com a arrogância e a soberba de tudo saberem e acertarem sempre?

2011-07-09

Carlos Coelho

 

Intervenção de Carlos Coelho no programa da RTM – Prós e Contras.

 

E QUEM É CARLOS COELHO?

Especialista em Criação e Gestão de Marcas

Carlos Coelho, uma das grandes referências portuguesas no domínio da construção e gestão de marcas, , ao longo de 20 anos, conduziu centenas de projectos de algumas das marcas mais relevantes em Portugal, como o Multibanco, Telecel/Vodafone, Yorn, Galp Energia, RTP, Tv Cabo, CTT Correios e a TAP Portugal.

É autor de diversos estudos sobre tendências e modelos teóricos de marcas, dos quais se destaca o estudo de organização tipológica – ivity Brand Types.
É autor do livro ”Portugal Genial’’ e co-autor do livro “Brand Taboos”. É professor, colunista, comentador de televisão e colaborador de inúmeras publicações nacionais e estrangeiras, sendo reconhecido pelas suas múltiplas abordagens inovadoras e desafiantes sobre estas matérias.

Como conferencista proferiu nos últimos três anos mais de 100 palestras, a convite de diversas instituições: Governos, Universidades, Associações empresariais e Empresas, em diversos Países, nomeadamente Palops ( Portugal, Angola, Moçambique, Cabo-Verde), Estados Unidos da América, Inglaterra e Espanha.

Entre outros prémios, foi distinguido como “Personalidade de Marketing do Ano 2005” pela Associação Portuguesa dos Profissionais de Marketing.
É desde Janeiro de 2007 fundador e presidente da Ivity Brand Corp a nova consultora internacional de criação, inovação e gestão de marcas ( onde já acumulou mais de 30 prémios entre os quais a eleição em 2008 com Empresa do ano).

É fundador e presidente do World Bank of Creativity – www.worldbankivity.com - e desde Setembro de 2007 é conselheiro do IPAM para a área de tendências e inovação do ensino.
Alguns dos seus textos e apresentações estão disponíveis em www.ivity-corp.com

2011-06-19

LINGUAGEM MÉDICO-MORCONA

 

clip_image002"TENHO ESTA COMICHÃO NA PERSEGUIDA PORQUE O MEU MARIDO TEM UMA INFECÇÃO NA PONTA DA NATUREZA."

Carlos Barreira da Costa, médico Otorrinolaringologista da mui nobre e Invicta cidade do Porto, decidiu compilar no seu livro A Medicina na Voz do Povo, com o inestimável contributo de muitos colegas de profissão, trinta anos de histórias, crenças e dizeres ouvidos durante o exercício desta peculiar forma de apostolado que é a prática da medicina.

 

 

Jóias deste tão pouco conhecido léxico:

 

O DIÁLOGO COM UM PACIENTE COM PATOLOGIA DA BOCA, OLHOS, OUVIDOS, NARIZ E GARGANTA É SEMPRE UM DESAFIO PARA O CLÍNICO

  • A minha expectoração é limpa, assim branquinha, parece, com sua licença, espermatozóides.
  • Quando me assoo dou um traque pelo ouvido, e enquanto não puxar pelo corpo, suar, ou o caralho, o nariz não se destapa.
  • Não sei se isto que tenho no ouvido é cera ou caruncho.
  • Isto deu-me de ter metido a cabeça no frigorífico. Um mês depois fui ao Hospital e disseram-me que tinha bolhas de ar no ouvido.
  • Ouço mal, vejo mal, tenho a mente descaída.
  • Fui ao Ftalmologista, meteu-me uns parafusinhos nos olhos a ver se as lágrimas saíam.
  • Tenho a língua cheia de Áfricas.
  • Gostava que as papilas gustativas se manifestassem a meu favor.
  • O dente arrecolhia pus, e na altura em que arrecolhia às imidulas, infeccionava-as
  • A garganta traqueia-me, dá-me aqueles estalinhos e depois fica melhor.

 

AS PERTURBAÇÕES DA FALA IMPACIENTAM O DOENTE

  • Na voz sinto aquilo tudo embuzinado.
  • Não tenho dores, a voz é que está muito fosforenta.
  • Tenho humidade gordurosa nas cordas vocais.
  • O meu pai morreu de tísica na laringe.

 

OS PROBLEMAS DA CABEÇA SÃO MUITO FREQUENTES

  • Há dias fiz um exame ao capacete no Hospital de S. João.

  • Andei num Neurologista que disse que parti o penedo, o rochedo ou lá o que é....

  • Fui a um desses médicos que não consultam a gente, só falam pra nós.

  • Vem-me muitos palpites ruins, assim de baixo para cima....

  • A minha cabecinha começa assim a ferver e fico com ela húmida, assim aos tombos, a trabalhar.

  • Ou caiu da burra ou foi um ataque cardeal.

 

OS APARELHOS GENITAL E URINÁRIO SÃO OBJECTO DE QUEIXAS SUI GENERIS

  • Venho aqui mostrar a parreca.

  • A minha pardalona está a mudar de cor.

  • Às vezes prega-se-me umas comichões nas barbatanas.

  • Tenho esta comichão na perseguida porque o meu marido tem uma infecção na ponta da natureza.

  • Fazem aqui o Papa Micau (Papanicolau)?

  • Quantos filhos teve? - Pergunta o médico. “Para a retrete foram quatro, senhor doutor, e à pia baptismal levei três.

  • Apareceu-me uma ferida, não sei se de infecção se de uma foda mal dada.

  • Tenho de ser operado ao stick. Já fui operado aos estículos.

  • Quando estou de pau feito... a puta verga.

  • O Médico mandou-me lavar a montadeira logo de manhã.

 

AS DORES DA COLUNA E DO APARELHO MUSCULAR E ESQUELÉTICO SÃO DIFÍCEIS DE SUPORTAR

  • Metade das minhas doenças é desfalsificação dos ossos e intendência para a tensão alta.

  • O pouco cálcio que tenho acumula-se na fractura.

  • Já tenho os ossos desclassificados.

  • Além das itroses tenho classificação ossal.

  • O meu reumatismo é climático.

  • É uma dor insepulcrável.

  • Tenho artroses remodeladas e de densidade forte.

  • Estou desconfiado que tenho uma hérnia de escala.

 

O PORTUGUÊS BEBE E FUMA MUITO E DESCULPA-SE COM FREQUÊNCIA

  • Tomo um vinho que não me assobe à cabeça.

  • Eu abuso um pouco da água do Luso.

  • Não era ébrio nato mas abusava um pouco do álcool.

  • Fujo dos antibióticos por causa do estômago. Prefiro remédios caseiros, a aguardente queimada faz-me muito bem.

  • Eu sou um fumador invertebrado.

 

O APARELHO DIGESTIVO ORIGINA SEMPRE MUITAS QUEIXAS

  • Fui operado ao panquecas.

  • Tive três úlceras: uma macho, uma fêmea e uma de gastrina.

  • Ando com o fígado elevado. Já o tive a 40, mas agora está mais baixo.

  • Eu era muito encharcado a essa coisa da azia.

  • Senhor Doutor, a minha mulher tem umas almorródias que, com a sua licença, nem dá um peido.

  • Tenho pedra na basílica.

  • O meu marido está internado porque sangra pela via da frente e pinga pela via de trás.

  • Fizeram-me um exame que era uma televisão a trabalhar e eu a comer papa.

  • Fiz uma mamografia ao intestino.

  • O meu filho foi operado ao pence (apêndice) mas não lhe puseram os trenós (drenos), encheu o pipo e teve que pôr o soma (sonda).

 

OS MEDICAMENTOS E OS SEUS EFEITOS PRESTAM-SE ÀS MAIORES CONFUSÕES

  • Ando a tomar o Esperma Canulado - Espasmo Canulase.

  • Tenho cataratas na vista e ando a tomar o Simião – Sermion.

  • Andei a tomar umas injecções de Esferovite – Parenterovit.

  • Era um antibiótico perlim pim pim mas não me fez nada – Piprili.

  • Agora estou melhor, tomo o Bate Certo – Betaserc.

  • Tomo o Sigerom e o Chico Bem - Stugeron e Gincoben.

  • Ando a tomar o Castro Leão – Castilium.

  • Tomei Sexovir – Isovir.

  • Tomo umas cábulas à noite.

  • Tomei uns comprimidos jaunes, assim amarelados.

  • Tomo uns comprimidos a modos de umas aboborinhas.

  • Receitou-me uns comprimidos que me põem um pouco tonha.

  • Estava a ficar com os abéticos no sangue.

Eduardo Prado Coelho

(Lisboa, Santa Isabel, 29 de Março de 1944 — Lisboa, 25 de Agosto de 2007)

Precisa-se de matéria prima para construir um País - in Público

clip_image001

A crença geral anterior era de que Santana Lopes não servia, bem como Cavaco, Durão e Guterres. Agora dizemos que Sócrates não serve. E o que vier depois de Sócrates também não servirá para nada. Por isso começo a suspeitar que o problema não está no trapalhão que foi Santana Lopes ou na farsa que é o Sócrates. O problema está em nós. Nós como povo. Nós como matéria-prima de um país.

Porque pertenço a um país onde a ESPERTEZA é a moeda sempre valorizada, tanto ou mais do que o euro. Um país onde ficar rico da noite para o dia é uma virtude mais apreciada do que formar uma família baseada em valores e respeito aos demais.

Pertenço a um país onde, lamentavelmente, os jornais jamais poderão ser vendidos como em outros países, isto é, pondo umas caixas nos passeios onde se paga por um só jornal E SE TIRA UM SÓ JORNAL, DEIXANDO-SE OS DEMAIS ONDE ESTÃO.

Pertenço ao país onde as EMPRESAS PRIVADAS são fornecedoras particulares dos seus empregados pouco honestos, que levam para casa, como se fosse correcto, folhas de papel, lápis, canetas, clips e tudo o que possa ser útil para os trabalhos de escola dos filhos... e para eles mesmos.

Pertenço a um país onde as pessoas se sentem espertas porque conseguiram comprar um descodificador falso da TV Cabo, onde se frauda a declaração de IRS para não pagar ou pagar menos impostos.

Pertenço a um país onde a falta de pontualidade é um hábito. Onde os directores das empresas não valorizam o capital humano. Onde há pouco interesse pela ecologia, onde as pessoas atiram lixo nas ruas e depois reclamam do Governo por não limpar os esgotos. Onde pessoas se queixam que a luz e a água são serviços caros. Onde não existe a cultura pela leitura (onde os nossos jovens dizem que é "muito chato ter que ler") e não há consciência nem memória política, histórica nem económica. Onde os nossos políticos trabalham dois dias por semana para aprovar projectos e leis que só servem para caçar os pobres, arreliar a classe média e beneficiar a alguns.

Pertenço a um país onde as cartas de condução e as declarações médicas podem ser "compradas", sem se fazer qualquer exame. Um país onde uma pessoa de idade avançada, ou uma mulher com uma criança nos braços, ou um inválido, fica em pé no autocarro, enquanto a pessoa que está sentada finge que dorme para não dar-lhe o lugar. Um país no qual a prioridade de passagem é para o carro e não para o peão. Um país onde fazemos muitas coisas erradas, mas estamos sempre a criticar os nossos governantes.

Quanto mais analiso os defeitos de Santana Lopes e de Sócrates, melhor me sinto como pessoa, apesar de que ainda ontem corrompi um guarda de trânsito para não ser multado. Quanto mais digo o quanto o Cavaco é culpado, melhor sou eu como português, apesar de que ainda hoje pela manhã explorei um cliente que confiava em mim, o que me ajudou a pagar algumas dívidas. Não. Não. Não. Já basta.

Como "matéria-prima" de um país, temos muitas coisas boas, mas falta muito para sermos os homens e as mulheres que o nosso país precisa. Esses defeitos, essa "CHICO-ESPERTICE PORTUGUESA" congénita, essa desonestidade em pequena escala, que depois cresce e evolui até converter-se em casos escandalosos na política, essa falta de qualidade humana, mais do que Santana, Guterres, Cavaco ou Sócrates, é que é real e honestamente ruim, porque todos eles são portugueses como nós, ELEITOS POR NÓS.

Nascidos aqui, não em outra parte...Fico triste. Porque, ainda que Sócrates fosse embora hoje mesmo, o próximo que o suceder terá que continuar a trabalhar com a mesma matéria-prima defeituosa que, como povo, somos nós mesmos. E não poderá fazer nada... Não tenho nenhuma garantia de que alguém possa fazer melhor, mas enquanto alguém não sinalizar um caminho destinado a erradicar primeiro os vícios que temos como povo, ninguém servirá. Nem serviu Santana, nem serviu Guterres, não serviu Cavaco, e nem serve Sócrates, nem servirá o que vier. Qual é a alternativa?

Precisamos de mais um ditador, para que nos faça cumprir a lei com a força e por meio do terror? Aqui faz falta outra coisa. E enquanto essa "outra coisa" não comece a surgir de baixo para cima, ou de cima para baixo, ou do centro para os lados, ou como queiram, seguiremos igualmente condenados, igualmente estancados... igualmente abusados!

É muito bom ser português. Mas quando essa portugalidade autóctone começa a ser um empecilho às nossas possibilidades de desenvolvimento como Nação, então tudo muda...Não esperemos acender uma vela a todos os santos, a ver se nos mandam um messias.

Nós temos que mudar. Um novo governante com os mesmos portugueses nada poderá fazer. Está muito claro... Somos nós que temos que mudar.

Sim, creio que isto encaixa muito bem em tudo o que nos anda a acontecer: desculpamos a mediocridade de programas de televisão nefastos e francamente tolerantes com o fracasso. É a indústria da desculpa e da estupidez.

Agora, depois desta mensagem, francamente decidi procurar o responsável, não para castigá-lo, senão para exigir-lhe (sim, exigir-lhe) que melhore o seu comportamento e que não se faça de mouco, de desentendido. Sim, decidi procurar o responsável e ESTOU SEGURO QUE O ENCONTRAREI QUANDO ME OLHAR NO ESPELHO. AÍ ESTÁ. NÃO PRECISO PROCURÁ-LO EM OUTRO LADO.

E você, o que pensa?.... MEDITE!

2011-02-15

Loiro Parque - Jardim Botânico da Madeira





Um dia bem passado no Jardim Botânico da Madeira e no Loiro Parque.
As motivações são muitas: uma visita de estudo, experimentar uma máquina fotográfica nova, a vista sobre o Funchal, levar as crianças a apanhar ar puro...
A não perder.

Fotografias: Vítor Silva/2010